segunda-feira, 22 de agosto de 2011

122 anos de Cora Coralina



Sábado, 20 de agosto de 2011,  seria aniversário de 122 anos de Cora. Melhor seria dizer: foi aniversário de Cora, dado que sua presença,  em produção e criação, ficou, para o refresco da alma. Presto aqui minha homenagem, faço meus agradecimentos pela oportunidade de conhecer alguns de seus versos. E registro um fragmento de Cântico Excelso, que retiro da pérola/livro que ela  chamou de  Vintém de Cobre ( de onde mais poderia sair um nome deste senão dos becos de Villa Boa de Goyaz ?).
Porque Cântico Excelso? Porque aqui ela faz um reconhecimento ao Mestre. Para algúem como eu, que reconhece (e isso aprendi com meu Mestre) que o humano não se faz sozinho,  que o filhote de humano só vira filho por transmissão, que vai além do DNA, por transmissão de um DNA Outro, por transmissão, através da linguagem, de um novo mundo, o Simbólico.
Para alguém se transformar em gente é preciso aprender com outro alguém. Dai a riqueza de cada um estar ligada ao lugar do Mestre.  E Cora sabe disso:  
“…Revivo a velha escola e agradeço, alma de joelhos, o que esta escola me deu,  o que dela recebi.  A ela ofereço meus livros e noites festivas, meu nome literário.
Foi  pela didática paciente da velha mestra que Aninha, a menina boba da casa, obtusa,  do banco das mais atrasadas se desencantou em Cora Coralina.
Lugar de honra para minha mestra e para todas as esquecidas  Mestras do passado. Mestra Silvina – beijo suas mãos cansadas, suas vestes remendadas.”

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A NOVA GOIÂNIA MERECE O NOVO MUTIRAMA


A modernização e a ampliação do tradicional Parque Mutirama é uma revolução do entretenimento, do esporte e do lazer em Goiânia, o que dá continuidade à ideia original que levou à construção do Parque, quando de sua criação. É uma ação que visa aproveitar uma oportunidade e não perder o apoio federal para este passo.
Não é verdade que a Prefeitura está comprando equipamentos usados com preço de novos para o Mutirama. Mas é verdade que, com a renovação do parque, a Prefeitura o transforma num atrativo turístico que coloca Goiânia definitivamente no circuito do turismo regional, o que significa mais recursos, exatamente como estes que estão chegando agora, de R$ 56 milhões, para reestruturação do parque, e que exigiam como contrapartida da Prefeitura o investimento nos brinquedos.
Dentro de seus recursos disponíveis, aproximadamente R$ 30 milhões, a Prefeitura deu um passo largo, está comprando equipamentos,  reformando outros, e comprando ainda usados restaurados, com exigência de laudo de segurança, e garantia, além disso o preço inclui a instalação dos equipamentos, e o treinamento dos operadores.
Depois a Prefeitura poderá continuar ampliando as possibilidades do Mutirama, que será o maior parque público de diversões e apropriado ao turismo do Brasil. Então, a Prefeitura de Goiânia não tinha escolha: ou fazia o seu projeto com os recursos disponíveis, mas garantindo no edital um controle de qualidade, com várias salvaguardas, ou perdia recursos.
Os contratos referentes aos equipamentos do Mutirama estão sob análise do Tribunal de Contas, que é a instituição própria para exercer o controle técnico-jurídico do processo. Há uma nítida intenção de provocar uma discussão política, usando preços colhidos na internet e no exterior, mas os valores apresentados assim são irreais, mesmo quando verdadeiros: não trazem o custo do imposto de importação, não trazem o custo de implantação – como tem os equipamentos que estão sendo adquiridos aqui-, e não trazem a descrição técnica – brinquedos do mesmo tamanho podem ter componentes mais ou menos seguros e duráveis.
Alem disso a prefeitura não tem dinheiro em mãos para ir lá fora comprar.  Ela faz licitação e se uma empresa do mercado não oferecer este produto para a prefeitura, ele não vai ser adquirido, porque a licitação é a única forma. Pelos caminhos confiáveis um trenzinho novo igualzinho ao nosso custa, aqui, sem ser instalado, R$ 1,3 milhão. A reformulação do nosso, com novos temas e conceitos custará R$ 305 mil.
A Montanha-russa superjet, com 320 metros, que não é fabricada no Brasil, foi adquirida e  está sendo reformada por R$ 2,6 milhões. A única adquirida no Brasil nos últimos anos, com partes em madeira, do Hopi Hari, maior parque do Brasil,  de 1.030 metros, custou R$ 12 milhões. Há, no mundo, (basta procurar na internet) montanhas-russas, rodas-gigantes e outros brinquedos com 80, 90, e até 110 anos de uso, na Austrália, Hungria, Dinamarca, Inglaterra, em várias partes dos EUA… Enfim, é uma prática normal, em se tratando de equipamentos tão caros.
O melhor de tudo é que o Mutirama passará por uma revolução sem perder o seu caráter de parque popular, aberto ao povo, às famílias, com opções para todas as idades, com brinquedos gratuitos ao lado dos pagos, que não terão preços absurdos, e ainda há aspectos educativos: o trenzinho, lembrando a história de Goiás, o autorama, trazendo uma pequena representação do mundo... a acessibilidade será total e haverá  espaço para as ciências. Haverá também a integração das artes do parque.
Vem aí um novo Mutirama, que é parte de uma nova Goiânia, que está sendo consolidada. Um modelo de cidade generosa com o seu cidadão, que lhe oferece espaços no centro e na periferia, para o encontro da família, dos amigos, dos namorados, para o lazer das crianças. Com a ampliação, vamos ter um canto de natureza e entretenimento para oferecer também aos nossos visitantes. Que  seja abençoado este  Novo Mutirama, porque ele é de todos nós.

domingo, 7 de agosto de 2011

Eu fui às touradas de Madri !!!!!

Era domingo de San Isidro, em  Madri, cidade bela com sua juventude  a todo instante nas ruas. Um cidade com os ares de festa.  Talvez porque fosse mesmo a semana da festa do padroeiro. Estamos na  Praça  de  Touros de Las Ventas,  como um palácio aberto ao público. Era uma tarde de início de verão,  de bom sol, mas muito vento, um certo frio, e senhores e senhoras de todas as idades, muitos já alem dos sessenta ou setenta, formando casais, com  almofadas especiais nas mãos – típicas de quem vem sempre às touradas. Gente bem vestida, com uma certa nobreza.

A chegada do presidente da  tourada é saudada pelos presentes.  Logo uma solenidade registra a entrada dos toureiros e suas trupes: cada toureiro enfrenta dois touros na tarde/noite. Nas tardes de San Isidro, em Madri, entram na arena 6 touros.  Há toureadores que não enfrentarão os animais, mas apenas vão ajudar a distraí-lo e cansá-lo. Eles aqui aparecem com capas rosa escuro, enquanto os toureiros virão sempre com uma capa vermelha, e em roupas com detalhes dourados incomparáveis.

Participam da cena  os cavaleiros –  seus  cavalos têm imensas proteções, vermelho-alaranjadas- , que são os picadores: com longas lanças eles fustigam o touro sempre num único lugar e vão ajudando a minar a besta  e a medir sua “competência“ para a batalha.  E também os “banderilleros” que Irão cravar três  pares de “banderillas” – como um tipo de bandeirinha com o mastro mais grosso e pontas afiadas – no animal , tudo para ir provocando e enfraquecendo o animal.

O touro mais presente nestas corridas é o Miúra, que se tornou uma mistura de raças de touros bravos da Andaluzia feita por Dom Eduardo Miura, mais ou menos na  metade do século XIX.  É a raça que mais já matou toureiros e que até já chegou a provocar uma greve de toureiros, que não queriam mais os Miúra na arena.  Alem da seleção genética, estes animais são especialmente criados para manter o seu estado natural de animais selvagens, inclusive evitando-se ao máximo o contato com  os humanos. São mesmo feras. Bestas. E isso dá para ver quando entram na arena.  Dá para ver também quando investem alucinadamente contra os cavalos com suas imensas proteções  vermelho-alaranjadas. O touro ergue o cavalo com os chifres, mas não consegue feri-lo, enquanto recebe de volta estocadas com as lanças dos  picadores.

Tudo se parece com um espetáculo clássico do teatro, talvez um ópera: tem uma fidalguia  em tudo. Há os lenços brancos: é com ele que o público conversa com o presidente da tourada, pedindo a troca do touro que demonstra fraqueza, exigindo que se pare de fustigar um animal quando há exagero e até pedindo pela vida do touro, quando ele demonstra bravura.

Posso dizer: eu fui as touradas de Madri, lembrando a música de Braguinha e Alberto Ribeiro. Numa tarde onde os touros estiverem meio lentos, logo na  minha estréia, e os toureiros burocráticos, inclusive  Morante de La Puebla, ídolo, grande toureiro segundo os espanhóis.  Parecia que assim seria.

Pois foi na última peleja que vi algo,  que nunca mais esquecerei: o touro as uns 15 a 20 metros do toureiro, provocado, embala. Dizem que nos primeiros 25 metros a arrancada é veloz como a de um cavalo.  Quando, com seus 540 quilos,  o animal estava próximo do toureiro, o jovem mexicano Arturo Saldivar, ousadamente, move a sua capa, da lateral esquerda do seu corpo para a lateral direita. O touro investe é contra a capa, não contra o toureiro.  Este movimento, quando o touro já está muito próximo, faz com que o animal tenha que mudar de direção abruptamente, indo rumo à capa, n outra lateral. Como Romário no chute de Branco, que na copa de 1994 resultou em gol do Brasil contra a Holanda,  Saldivar mantém a capa na posição, mas vira o corpo, e faz dele uma curva só, um arco, tirando-o do caminho do touro, em velocidade.  Simplesmente sensacional.  Uma dança, um drible.

O que fez a beleza da tourada não foi a agressividade do touro, mas a do toureiro, sua ousadia. Sua habilidade foi tão  marcante quanto a  de Romário na copa do mundo, mas, entre eles, uma diferença fundamental: para o mexicano Arturo Saldivar, errar  seria morrer.